quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

PAIXÃO

TEMA> PAIXÃO

Eras assim, apenas um início
mais que um presságio, quase um indício
do que viria a acontecer...

és assim, doce e puro canto?
invades minha alma, povoa meu ser
destinatário de meu riso, meu pranto
fica comigo até anoitecer

serás assim, mais belo segredo
amor que descobri sem glórias e sem medo
puro e infinito amor meu
história deliciosa que ninguém jamais conheceu!



(Principio)
Caris Garcia

Eras por fim, justamente um quebrante
destruo minha rotina desgastante
e passo a caminhar junto a ti
em nosso amor errante...

a príncipio tudo era novidade
os leros na calçada que acuidade
o sentimento repleto vivo de entusiasmo
os olhares que vibravam em exaltação
a extraordinária capacidade de dedicação
e os infelizes que nos olhavam com sarcasmo

as mãos se transformaram em alianças
as pernas em abraços
cabelos entrelaçados
paladares misturados
suor articulado

Não dura este furor dizia o invejoso
Um logo largará do outro
fumegava algum poderoso
doía acho eu ver amor assim tão gostoso

BRIGA, ROMPIMENTO, RESPOSTA E RETRUCO

BRIGA
(Fernanda Odaguire)

apaga as luzes,fecha a cortina: a festa já acabou.
nao negue o que sentimos já há tempos,
a música mais triste tocou,
já nem sei mais o que ainda temos.


ROMPIMENTO
(Caris Garcia)

Desliza os mesmos pés que na areia fria calcei
Abraça o inverno que ao seu lado passei
Ande só no deserto escaldante! Oh! Destronado rei!
Deixo aberto essa fúria incessante
Cálice abandonado, vinho fora-da-lei
Castelo assombrado uva amassada que recusei

derrubaste a floresta que ao teu lado montei
minha ira é lançada contra ti que me horrorizei
não adianta usar seu ágnus-dei
de ti em breve me livrarei

RESPOSTA
(Fernanda Odaguire)

Diz-me que de mim já se esqueceu
que de meus beijos não necessitas
que de meu calor que enfim te protegeu,
é nada mais que um sarcástico detahe que hoje evitas.

E és assim, mal-agradecida
paixão desgarrada, escárnia maldita
és dos meus sonhos o mais lindo ardor,
a mais linda canção que consegui compôr

E como sofro, este sofrimento que decreto!
vagando por ruas frias e desertas,
Judia-me dos pés o frio triste concreto.

Fechai todas as portas que um dia deixaste abertas
Olho-te de longe e esse amor renego,
Já que não mais te quero a meu lado
façamos desssa dolorosa lembrança.. passado


RETRUCO
(Caris Garcia)

Como podes ainda querer sair por cima
perdes o pudor porém não a rima
não me adularás com estas frases alegóricas
meu peito inflama o encerramento desta retórica

e deste tratado que as regras encerra
não lhe darei mais meus adornos empolados
direi apenas que tu errou e erras
seu veredicto na minha vida será de culpado

com eloqüência melosa diz-me sua resposta
que demência rancorosa fazes de mim melindrosa
esqueces tudo que fizeste até o presente findado
Que ardil vazio deixaste neste oco corpo definhado

Não basta o álbum hediondo que entregastes mal olhado
que sortilégio lançarei àqueles depois de mim?
que fado, que sina terei neste mundo por ti depravado?
em que mesa lançarei os dados deste alastrim

Não entrarei em seu jogo vicioso
deixo apenas para ti meu olhar pavoroso
na certeza que não terás nunca o ócio
Indolente e impuro capadócio

TRANSIÇÃO

TRANSIÇÃO

(Fernanda Odaguire)
...e eu me distraio, me recolho,
enquanto vocÊ pergunta, acusa e desconfia
conversas longas, palavras vazias
e agora é o momento, olho no olho


quero a verdade, ainda tenho medo
não é essa a imagem que quero no espelho

... e eu me machuco, na dor eu repouso
enquanto eu busco sossego, busco a paz

e agora é o momento, não, não , não negue mais

(Caris Garcia)

os motivos vão se espalhando
a brisa chega suave e perfumada
os argumentos se encaixando
palavra quebrada
o vinho suave que desce
o incenso de ópio acendo
parece tudo óbvio me rendo

os olhares apaixonados
acabam por se esquecer
quais problemas vieram trazer
e tudo se resolve se acerta
vai porcelana inquebrável!
que se mostra a mim tão insuperável
me abate com sua beleza surreal
em seu abraço letal
desmaio...adormeço...


(Fernanda Odaguire)

à noite

...e eu me distraio, me recolho,
enquanto vocÊ pergunta, acusa e desconfia
conversas longas, palavras vazias
mas agora é o momento, olho no olho

quero a verdade, ainda que tenhamos medo
pois não é essa a imagem que quero no espelho

eu te olho e já não mais te reconheço,
será só a tristeza o que mereço?

... e eu me machuco, na dor eu repouso
enquanto eu busco sossego, busco a paz
dá-me sua mão, só esse esforço,
quero vc, quero o que sente, quero o que me faz

FELIZ

(Caris Garcia)

E como aurora que surge sem pedir
e aquece minha madrugada
entorpece toda a longa estrada
o músculo da face esquecida
se põe novamente a sorrir

nada mais desejo que o doce segundo
que distrai e enlouquece meu mundo
o retrato intenso e profundo
daquele que se faz raio
fito os olhos e desmaio
e incide paralelamente ao eixo principal
tudo que acontece fora do normal
e reflete passando pelo foco do espelho esférico
arrebenta se faz histérico
ao ver a própria imagem deturpada
se esgueira da voz rajada
e com a íris avermelhada
repõe a energia tomada
para
lembra
e sorri

VOCÊ

VOCÊ

(Fernanda Odaguire)

vida de plastico
tão preocupado,
estilizado
pseudopolitizado
desce redondo, mas pensa quadrado

você é....
tudo o que querem que vc seja
cigarro, carro novo, TV e cerveja
amores, dissabores, esperança até


(Caris Garcia)

vida da rocha
tão deslizante
invariável insconstante
marginalizado
desce um anjo,
cresce alienado
vira marmanjo
se transforma em mariola
não enfrenta a vida
esquece o arcanjo
permanece sempre na terriola

você foi
tudo o que de vocÊ desejaram
inocência, primeiro gracejo
falar,engatinhar,andar,
porém em algum momento
onde a vida começa
o sonho termina
a esperança cessa
a linha do horizonte acaba
e onde a alegria se desvia...
neste momento
você passa a ser
quem hoje você é
nem joão nem josé
que o trabalho baniu
só será apenas mais um
que sem tentar desafiar a vida...
desistiu

ESSES ANIMAIS

ESSES ANIMAIS

(Fernanda)

a curiosidade
matou
o gato
na esquina
da avenida 9 de julho.

(Caris Garcia)

A ansiedade
retirou
o pássaro
na torre
da rua do orgulho

A idéia
assombrou
o leão
da cova
da via do entulho